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Verdade ou Distorção?

Um grupo de cegos foi conduzido ao zoológico para conhecer um elefante. Lá, foi-lhes permitido tocar o animal para identificá-lo. Um aproximou-se da cauda, outro da tromba, outro da perna, outro da orelha e o último tocou a lateral do corpo do paquiderme. Em seguida, foi-lhes perguntado como era um elefante. “Parece um espanador”, disse o que tocou a cauda. “Não, parece uma grossa mangueira”, disse o da tromba. “Nada disso! Ele é como um tronco de árvore”, falou o da perna. “Imagine só, retrucou o da orelha, o elefante parece é um grande leque”. “Vocês estão todos enganados, disse o último, ele parece um grande muro”. Embora cada um deles tivesse sua parcela de verdade, nenhum conseguiu atingir a idéia global. Apenas a soma de seus conhecimentos revelaria de fato a verdade. Ainda assim, cada um poderia interpretar as informações a seu modo, e, se pudessem desenhar, cada elefante apresentaria as características pessoais de seu intérprete. A forma de a humanidade comportar-se através dos tempos é exatamente a mesma. Cada povo, cada cultura, com seus hábitos, suas leis, suas descobertas, acredita em valores absolutos, acredita-se dono da verdade. Por estar desconectado da Fonte que o criou ou até mesmo por não acreditar nela, o homem arrasta-se através dos tempos numa triste trajetória de enganos e violações, tentando impor a outrem sua parcela de verdade como a única versão correta do conhecimento. Por mais paradoxal que pareça, a idéia inicial é sempre boa, cheia de intenções louváveis: salvar o outro, tirá-lo da ignorância, apresentar-lhe o que há de melhor (sob a ótica da própria verdade). No entanto, perigosas distorções surgem quando negamos ou recusamos as demais versões. Entramos perigosamente no terreno absolutista do certo e do errado (eu estou certo e os demais estão errados). Essa postura gera perseguições religiosas, raciais, políticas, ideológicas, desencadeando episódios como o terrorismo, a inquisição, o holocausto, o aniquilamento de culturas (como a dos nossos índios, por exemplo) e até - pasmem! - guerras de torcidas, quando até o esporte e o lazer são motivos de desentendimentos. Se quisermos um mundo melhor, precisamos avaliar nossas intolerâncias, nossos fanatismos, nosso radicalismo até mesmo nas atitudes mais simples do dia a dia, e então iniciar uma reeducação pessoal priorizando o respeito, o amor e o entendimento. É necessário entender que Somos Um com Deus para que a idéia de separação desapareça. Só quando nos reconhecermos no outro viveremos em paz. Maria Lúcia Araújo