Livraria Samadhi

Mensagens

MÃE: VOCÊ TAMBÉM É GENTE!

As sociedades, ao se organizarem, determinam padrões de comportamento, estabelecem regras e códigos de conduta. Se por um lado isso facilita a vida em grupo, por outro gera um alto nível de expectativas e cobranças. O indivíduo é enredado num infindável rol de deveres, sacrificando o natural, o que ele realmente é, para tentar viver o normal, o que ele e a sociedade acreditam que ele deveria ser. Nenhum modelo tem sido mais imposto, estereotipado, cultivado dentro de um ideal nada real do que o papel de mãe. A ele se atribuem todas as virtudes, do amor incondicional ao heroísmo, passando por qualidades como ser incansável, doce, presente, ter imensa capacidade de renúncia, estar sempre pronta, forte, acolhedora, etc. Inúmeros poemas são dedicados à figura da mãe, excelsa, indefectível, divina. Nela projetamos todas as expectativas de viver algo bom, perfeito, admirável. Aí crescemos, e, se somos mulheres, poderemos nos tornar mães. Saímos de nós mesmas, seres em crescimento e evolução, encolhemos nossa personalidade cheia de conflitos, emoções desequilibradas, medos, inseguranças, e “encarnamos” o mito “Mãe”. Todo aquele código de crenças e expectativas que envolvem esse papel cai sobre nós como verdadeira bomba. Da noite para o dia, temos de representar a forte, a santa, a infalível! E nós? Onde fomos parar? Tornamo-nos nossas próprios algozes, cobramos de nós mesmas um desempenho sem mácula. Quanta culpa! Quanto remorso! Quantos “onde foi que eu errei?” - sim, pois as mães são as grandes responsáveis por tudo! E nós acreditamos nisso! Quando o papel de mãe suplanta o Ser que você é, o relacionamento com os filhos passa a ser baseado em mentiras, frustrações, decepções, dor, cobranças : “Afinal, você é a mãe” - quantas vezes você já ouviu ou disse isso a si mesma, em tom de severa reprimenda por julgar-se inadequada em suas funções? Quantas vezes sentiu-se omissa, ausente, injusta, relapsa, incapaz? Pare com isso!!! Lembre-se que, antes de ser mãe, você é você mesma. Não crie para si e para seus filhos uma imagem falsa. Mostrar vulnerabilidade, admitir que também erra e que isso faz parte do seu crescimento como pessoa, não a tornará menos mãe. A autoridade autêntica é liderança com amor, sinceridade, verdade. Não “vista” a “mãe social”. Deixe seu filho amá-la pelo que você é, sem mito, sem decepções. Você-Mãe, pessoa de verdade, que se permite pensar em si mesma, que chora, fica nervosa, se engana, pede perdão, troca os pés pelas mãos, mas que faz sempre o melhor que sabe, com o coração cheio de alegria! Maria Lúcia Sene Araújo